terça-feira, 14 de setembro de 2010

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Bem vindo aos restos fossilizados do scooterLog. Aqui pode encontrar mais de 3 anos de relatos das minhas experiências e aventuras aos comandos de várias scooters diferentes. Desde há algum tempo tenho outro projecto que envolve também as duas rodas, mas desta vez sem motor. Infelizmente não tenho tempo para tudo e o ScooterLog não terá mais actualizações. De resto, actualmente nem tenho scooter, mas algo me diz que não será por muito tempo...

Boas curvas, vemo-nos numa estrada por aí!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A scooter BMW

 
Não, não é nenhuma novidade sumarenta, quero apenas partilhar umas fotos que tirei em Lisboa, há uns dias. Ainda se encontram exemplares de BMW C1, como esta, nas nossas ruas, mas são raros e sim, muito caros. Este modelo parece ter a estrutura de segurança intacta. Em caso de queda, a reparação é dispendiosa e há quem opte por nem reparar.


Uso intenso ou muito tempo na rua?

 Não há lugar para passageiro e esta unidade não apresenta a cobiçada caixa negra, para carga, um extra de fábrica. Como curiosidade estética ou pelo seu valor e pioneirismo em termos de engenharia, este modelo será sem dúvida um futuro clássico.



quinta-feira, 1 de julho de 2010

Outras rodas


Alguém comentou comigo que tinha passado já um mês desde o meu ultimo post. É verdade, e eu nem tinha pensado nisso. A minha mente e as minhas energias têm estado dispersas por outras realidades. Não deixei de andar na Indiana, embora seja um facto inquestionável que tenho feito poucos km. É provável que de futuro tenha menos oportunidade de vir aqui fazer actualizações. De qualquer forma, este é um blogue de um "iniciado" em matéria de scooterismo. Acho que já não encaixo muito bem nessa definição.

Factos de interesse que tenha para relatar também são poucos, o Lés a Lés passou, o Vespa World Days está à porta, não estive num nem vou estar no outro. A Indiana melhorou ligeiramente o consumo, e não tenho problemas a reportar. O tempo está excelente, está finalmente calor. Se puderem, façam-se à estrada!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Habemus Barrotem


Não resisti. Pronto.

A coisa começou de forma bastante inocente. Precisava de comprar um cabo de embraiagem. E um serra cabos, já agora. Fui ao site da Sip informar-me de preços e tal. Lembrei-me que podia fazer a compra do pneu que andava a planear já há uns tempos, para substituir o suplente indiano. Já justificava uma encomendazita. Quem compra pneu, compra também uma câmara nova. E já que vou mexer, que tal este plástico para a roda, sempre fica mais bonito que aquela coisa cinzenta que lá está. Aquilo foi em aumento e dai a pouco tempo, sem saber bem como, estava a comprar um escape novo!

Não, não é o kit xpto com carburador maior e mais não sei o quê. Nem sequer é um "escape de rendimento", é um humilde Sito equivalente ao escape de série Piaggio para as Vespas série P, não catalisadas. Tudo o que fiz foi trocar o escape e trocar o filtro de ar por um também das PX mais antigas. Quer dizer, "tudo o que fiz" não é expressão que corresponda inteiramente ao que aconteceu, afinal eu levei horas naquilo. (Perguntem aos meus vizinhos!) O bricolage é muito bonito, mas nem sempre as coisas acontecem exactamente como estava no exemplo ilustrado que estamos a seguir. Falta sempre uma peça qualquer, há sempre um passo que não é mencionado e que nos imobiliza a obra, as ferramentas que temos nem sempre são as ideais, enfim, requer paciência. Mas os resultados podem ser compensadores. Nem eu imaginava quanto.




Sim, sim, muita gente já fez as alterações que eu estou a descrever e todos falavam em grandes melhorias no comportamento do motor da scooter, mas eu tinha as minhas dúvidas. O mundo está cheio de quem acredite que consegue fazer sozinho, com meia dúzia de euros, num barracão, o que uma equipa de engenheiros mecânicos a trabalhar durante anos num projecto não conseguiu. Eu não sou uma de essas pessoas. Desta vez porem, tenho de dar o braço a torcer. As alterações feitas no escape das LML (e Stella/Primadona/etc...), de modo a cumprir as normas ambientais, foram mais além de uma modificação oportunista para manter a scooter em comercialização. Na verdade, quase tiraram a alma à minha Indiana e às outras como ela. E só me apercebi verdadeiramente disso quando, com o filtro e o escape novo já montado, dei ao kick...

Medo! O facto de ter mexido no parafuso do ralenti, que estava então super-acelerado, também ajudou à festa. Que som! E vibrações. Que sensação de... Potência??! Os primeiros metros rapidamente confirmam essa sensação, as mudanças "rendem" mais, o motor está mais disponível em médias rotações, a Indiana está mais ágil, mais atrevida, de repente estou a fazer... ultrapassagens! Há quanto tempo eu não ultrapassava automóveis que não estivessem parados. Por outro lado, parece que ganhei mais vibrações e a velocidade máxima não parece ter sido beneficiada. Também não era esse o objectivo. Mais tarde tenho que ver se preciso alterar alguma coisa no carburador, mas isso vou deixar para quem sabe.


Repito, uma LML com pneus indianos e escape de origem é uma coisa completamente diferente de uma LML com um escape não catalisado e pneus decentes. Ponto final. Paragrafo.


E agora vem a dolorosa. Não a conta, que essa foi barata (Escape para Honda CN = 400 Eur. Escape para PX/LML = 48 Eur). Falo das consequências ambientais e da perda de garantia. Quanto à segunda, ainda não falei com ninguém, acredito que com as minhas alterações, ainda para mais feitas em casa, venha algum "castigo" (no goog deed goes unpunished). Mas mesmo na pior das hipóteses, fico sem garantia do motor, mas fica a garantia do resto dos componentes, chapa, pintura, sistema eléctrico, etc. Nesses não mexi.


Sobre a questão ambiental, essa sim interessa-me grandemente e foi ela que travou a vontade fazer isto mais cedo. Apesar de ter sempre uma voz tipo Darth Vader a ecoar na cabeça e lembrar-me de como havia muito power se me convertesse ao Dark Side, a verdade é que a ideia de desatar a poluir sem necessidade não me agradava nada. Acabei por concluir que se não procedesse às alterações, acabaria por trocar de scooter, mais por razões práticas que outra coisa. Ora trocar de veículo implica investir num novo, e a produção de um novo veículo é também ela terrivelmente poluidora, pelo menos na origem. Digamos que é um mal menor.

terça-feira, 25 de maio de 2010

A scooter que precisa de ti


Diz o Jay Leno que gosta de automóveis e motos que nem toda a gente saiba conduzir, que tenham os seus segredos, a sua personalidade, as suas peculiaridades, que só o condutor habitual sabe descortinar. Os clássicos são quase todos de este grupo, não tão fáceis de conduzir, e tem algumas idiossincrasias que só o proprietário conhece e compreende. Aquelas coisas mais banais, como meter a marcha atrás num BMW, usar o travão de pé num Mercedes, encontrar a ignição num Saab, são só meros pormenores. Num mundo massificado, onde as pessoas se esforçam por conseguir diferenciar-se comprando produtos de consumo "personalizados", a verdadeira diferenciação passa por estar um pouco fora da Matrix.

O que é que este tipo está para aqui a dizer desta vez? Estou a tentar explicar porque convivo com as manias da Indiana, quando podia ter uma scooter moderna, mais prática, mais barata, mais performante, mais tudo. Como o Jay, acho piada ao facto de nem toda a gente poder meter a mão e sair a conduzir a minha scooter, e gosto da ideia que ela também precisa de mim, não é só um objecto utilitário, tipo frigorífico. A manutenção, o pequeno bricolage, isso transporta-me para um tempo não muito longínquo em que as pessoas estavam habituadas a mexer nos seus veículos e em que não andavam todos cheios de pressa a correr de um lado para o outro, para fazer não se percebe muito bem o quê.

Ainda tenho os dedos cheios de óleo de um desses momentos de diálogo e paz interior. Em breve espero ter aqui algumas novidades da Indiana.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Yes we can!


Exageraste nas compras do supermercado? A saca de carvão pesa meia tonelada? Levas tudo mal preso porque não troxeste elásticos que cheguem? O admirador de Vespas "das antigas" está a distrair-te com conversa? Não tem problema. Indiana resolve!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

No cofre indiano


Quando tinha a SH, não trazia nada comigo. Absolutamente nada. Depois, comecei a preocupar-me com a possibilidade de ter um furo, e comprei um kit de tacos para pneus tubeless. Havia também uma corrente que eu usava por vezes, quando sabia que ia estacionar nalguma parte menos recomendável da cidade. E era tudo.

Com uma scooter como a Indiana, esse tipo de à-vontade não é possível. Todo o scooterista que se preze, se conduz um modelo clássico, traz sempre consigo uma quantidade apreciável de ferramentas e peças que possibilitem uma série de pequenas reparações na berma da estrada. Eu já sabia que me faltava pelo menos o cabo da embraiagem, mas não tinha pressa em arranja-lo, confiando na pouca quilometragem da scooter. Já percebi que não posso fazer previsões desse género.

Enfim, vivendo e aprendendo. Aqui fica então o meu pequeno arsenal, carregado a diário no porta luvas sem fundo da Indiana:



1 - Toalhetes para limpar viseiras (e o que for necessário)
2 - Braçadeira elásticas para segurar a carga.
3 - Colete reflector para usar em incursões em vias rápidas
4 - Lenços de papel para tirar o óleo das mãos
5 - Mini lanterna de dínamo.
6 - Kit de lâmpadas
7 - Corrente para prender a Indiana
8 - Vela
9 - 100 ml de óleo de motor
10 - Ferramentas extra
11 - Kit de ferramentas
12 - Saco de capacete
13 - Calças de chuva

Esta é uma lista que está sempre inacabada, sempre a crescer. Muito em breve poderei acrescentar o cabo da embraiagem, um serra cabos e alguma massa lubrificante. Com isso espero estar preparado para alguns quilómetros tranquilos.

Scooter para o povo: Honda PCX

Nestes dias em que somos literalmente esmagados pela avalanche de más noticias da economia, os admiradores de scooters da Honda tem pelo menos uma razão para estar contentes: a nova PCX chega finalmente aos standers da marca neste fim de semana. Nada como uma scooter inovadora e vistosa, com consumos pouco superiores a 2 litros por cada 100 km para alegrar o dia de qualquer um.

Foto: Honda

Muita coisa se tem dito sobre este modelo e tenho mesmo lido alguns comentários estranhos: mesmo sem nunca ter posto as mãos em nenhuma, é perfeitamente claro que não se trata de uma maxi-scooter. Pelas medidas é pouco maior que uma Lead 110, e tal como esta, é também um modelo urbano, se bem que com características diferentes (tamanho das rodas, estrutura tubular sem fundo plano, posição do guiador, etc). Espero começar a ver PCX's a rodar nas estradas do nosso país muito em breve, verdadeiro antídoto para a crise.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

The LML experience


Dia 238, km 4085. Estou a caminho de um cafezinho com a minha irmã, na hora de almoço. O tempo é curto e sigo a um ritmo vivo, na zona de Porto Salvo. Numa sequência de curvas encadeadas sou obrigado a meter uma 3ª e sinto imediatamente uma sensação estranha na manete da embraiagem: está solta. Não sou tão maçarico que não perceba imediatamente o que se passa: o cabo partiu. Abrando, sem saber muito bem o que fazer, mas a pressa manda mais que a cautela e resolvo tentar chegar na mesma.

Faço boa parte do caminho sempre sem parar, nem abrandar muito. Passo por Leceia e começo a acreditar que vou pelo menos conseguir chegar ao destino. Mas depois recordo que há uma subida monstra no percurso, uma inclinação onde por vezes a 2ª chega a parecer insuficiente. Na rotunda antes, tomo outro rumo, pela estrada que leva à Fabrica da Pólvora. Pelo caminho vejo vários sinais de sentido proibido. Ignoro o primeiro mas já não consigo ignorar o segundo. Tento abrandar e meter a segunda. A Indiana engasga-se e o motor morre. Estou a cerca de 1 km do destino.

Fico ali parado a tentar conter uma fúria crescente. Poucos dias antes tinha estado na Old Scooter para resolver o problema dos piscas, porque já não funcionava nenhum. Além de um mau contacto no ballon, um dos cabos que liga ao interruptor teve de ser soldado de novo. Quando cheguei a casa fui confirmar o que estava tudo OK e descobri que não tinha Stops. Pensei que fosse da lâmpada, mas afinal era mais um mau contacto, que desapareceu tão misteriosamente como surgiu, mas só depois de eu ter desmontado meia scooter.


Decidido a demonstrar que não era a Indiana e o seu humor instável que comandavam a minha existência, deixei-a abandonada na beira da estrada e fui o resto do caminho a pé. Cedo descobri que fiz bem em obedecer aos sinais, pois em frente à Fábrica da Pólvora estava a PSP, a mandar parar os pópós mal comportados. É sempre compensador cumprir a lei.

Quando regresso para junto da LML, tenho algumas dúvidas sobre como proceder. Posso chamar a assistência em viagem, mandar a Indiana para a Old Scooter e voltar de lá a rodar. Isso gastaria o meu direito a reboque e a oficina fica do outro lado da cidade. Posso também tentar rodar em 2ª, a baixa velocidade, até uma oficina de motos que exista ali perto. Mas uma difícil pesquisa na Internet não revela nenhuma e, impaciente como sempre, resolvo tentar levar a lesionada Indiana até casa, onde resolverei o que fazer.

15 quilómetros, 1 semáforo, 10 rotundas e 19 cruzamentos mais tarde, rodando em segunda velocidade, sempre sem parar, entro na minha rua. Em casa, apresso-me a pesquisar informação sobre troca de cabo de embraiagem e munido desses dados, vou, de carro, comprar um cabo, não de embraiagem, pois ali perto não conheço oficinas, mas de travão de... bicicleta.

Pensei em fazer um bonito "How to" profusamente ilustrado, da troca do cabo da embraiagem, mas no fim estava tão frustrado com as dificuldades, só resolvidas recorrendo ao manancial de conhecimento que é o ScooterPT, e a informação já existente na Net é tão completa, que não estive para isso. Se por acaso também precisarem, eu usei dados daqui e daqui.

Resumindo, o cabo está trocado e a scooter está a funcionar, por um custo de 2 Eur. Mas o pior foi o tempo que perdi e o stress associado. Fico um bocado melindrado com todos estes contratempos ocorridos ainda antes dos 5.000km. Na Old Scooter sempre me resolveram todos os problemas, sem reservas, e só posso dizer maravilhas do trabalho deles. Mas a Old Scooter fica a 30 km daqui... O facto é quando me meti nisto, sabia que ia ter que sujar as mãos, só não imaginava quanto.

domingo, 2 de maio de 2010

Economia


Esta foto, tal como todas as que podem encontrar no blogue, é de minha autoria. Já tem no entanto algum tempo e já foi publicada numa conhecida revista de pópós. Recorda pois que os combustíveis nunca foram considerados baratos, mesmo que achemos que AGORA é que o preço está insuportável.

O elevado custo da nhanha de dinossauro que alimenta os nossos motores, aliado à lei das 125cc e ao bom tempo que desta vez parece ter vindo para ficar, tem-se traduzido num maior avistamento de motociclos na estrada. Alguns pertencem aquela tribo que só circula no verão, aqueles do chinelo, camisola de alças e calções. Ou mesmo sem capacete, como já vi por estas bandas. Mas uma parte pertence a (des)enlatados mais esclarecidos que pretendem poupar tempo e dinheiro. São boas noticias, mas quer-me parecer que ainda há alguns mitos que permanecem em relação aos custos de ter uma "mota", mitos e dogmas que me proponho aqui esclarecer.

Quem pretende comprar uma scooter ou mota para deixar o carro em casa, deveria recordar que há uma série de despesas a ter em conta. Pensar só na diferença de consumos entre o carro e a scooter e naquilo que se poupa em estacionamento pode ser um erro.

- O seguro. Dependendo da cilindrada, companhia de seguros, historial do cliente, os preços podem ir do simpático ao exorbitante (leia-se pagar mais do que pelo pópó). Ou podem mesmo negar-lhe o seguro... Uma constante é que as scooters ou motos completamente novas serão sempre mais caras de segurar que um modelo usado ou mesmo antigo. Estranho mas real.

- As revisões. Os intervalos são curtos, dependendo dos modelos podem ser tão curtos como 3.000 ou 4.000 km. Os preços são elevados, sobretudo nos representantes oficiais das grandes marcas, podendo custar mais do que uma revisão do carro. Quanto maior for a cilindrada da scooter e mais carenagens tiver o modelo (mais material para desmontar até chegar ao que interessa = mais mão de obra), mais cara será a revisão. É claro que nisto há segmentos muito distintos, uma Yamaha YBR 125 está mesmo pensada para ter uma manutenção muito barata, o que já não é tão verdade para uma Yamaha X-Max 125, por exemplo. Naturalmente o conforto e as performances também são diferentes...

- Consumo de combustíveis. Ter uma Maxiscooter de 400cc, necessária para quem se propõe fazer muitos km de autoestrada todos os dias, com um consumo a rondar os 4 l/100km, pode parecer uma proposta tentadora. E eu acho que é. Mas se mantiverem o carro lá de casa e as despesas a ele associadas, vão ver que as poupanças não serão assim tão significativas, afinal vão ter de sustentar dois veículos. As "motas a sério" são ainda mais gulosas, sendo que a maioria devora gasolina ao ritmo de um carro diesel de média cilindrada. Os modelos realmente económicos são as scooters e motos citadinas de 125cc, com injecção de combustível (os carburadores são tão Séc. XX!). As actuais recordistas serão talvez as Honda Inova e CBF 125 que permitem fazer médias pouco acima dos 2 litros por cada 100km. Podem consultar os consumos reais de muitos modelos de scooters e motos aqui e aqui.

- Outros. Circular num motociclo exige algum equipamento de protecção, que naturalmente tem que se comprar antes de se começar a utilizar a scooter nova. O capacete, blusão e luvas são o investimento mínimo. É uma despesa que não precisa de ser significativa e será "amortizada" ao longo dos anos, mas que convém contabilizar. Se tiver um acidente quase de certeza precisará de assistência médica. Se o seu seguro não cobrir, as despesas podem ser avultadas. Por fim, convém não esquecer que os motociclos acima de 180cc pagam imposto de circulação, ver tabela.

Não pretendo desencorajar ninguém de se tornar scooterista, motociclista ou simplesmente utilizador de veículos de duas rodas, muito pelo contrario. Mas tenho constatado que há alguma confusão na cabeça de pessoas que se metem nisto para poupar dinheiro. É claro que as poupanças, grandes e pequenas, são possíveis. Mas não em todas as situações.

Pessoalmente, abdiquei do carro há muito tempo, a Indiana consome 3,3 l/100km e tem uma manutenção muito barata. Já nem sinto que estou a poupar, é só o "normal". Um pouco como quando deixei de fumar. Mas em bom.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Fura-greve


O anunciando caos provocado pela greve dos transportes públicos acabou por se revelar mais uma situação de "business as usual", pelo menos aqui para os meus lados. A Indiana foi chamada a substituir a CP, na ligação Oeiras-Algés: a Marta podia apanhar um autocarro de uma empresa que não fazia greve, se conseguisse chegar a Algés. Carregada com portátil e pendura, a Indiana não é a mais cómoda das "armas" contra o congestionamento, mas cumpriu a sua função, pelo segundo dia consecutivo.

O trânsito era o mesmo de sempre. Ouvi muitas reclamações na televisão, mas pelo menos na marginal o caos era somente o habitual. Faz sentido, a maioria das pessoas vai de carro para o trabalho de qualquer maneira. O que não deixa de irritar um bocadinho, é a imprensa nunca mencionar as duas rodas (motorizadas ou não) como alternativa: se não há transportes públicos, as pessoas vão de carro, pois claro. No carro que está acima das suas possibilidades, mas que mesmo assim compraram, no carro que devora combustível que mal conseguem pagar, no carro que conduzem alienados, como se estivem sentados sozinhos no sofá, a usar o comando da televisão.

Greve dos transportes? Qual greve?

terça-feira, 20 de abril de 2010

Uma Honda diferente

Isto é apenas um "supónhamos", como diria o Toni.

E vamos supor que tinham uma fixação por scooters de tipo clássico, com mudanças de punho. Vamos supor também, que não eram grandes admiradores de scooters italianas, muito lindas, mas algo temperamentais e pouco fiáveis, (muito fiáveis, desde que andemos sempre com umas quantas peças e uma mala de ferramentas atrás.)

Que alternativas existem? A fantástica Heinkel, cujos modelos mais recentes saíram da fábrica em meados dos anos 60? A Bajaj Chetak, que no fundo não é mais que a evolução técnica de uma Vespa Sprint num corpo bem menos elegante? E a LML, claro, mas por mais que os coleccionadores pé-de-chinelo não queiram aceitar, no fundo é mesmo uma Vespa, com precisamente as mesmas qualidades e defeitos.


E então que sobra? Que tal uma scooter do maior fabricante mundial, a reputada e super fiável Honda? Sim, a Honda fabricava até há bem pouco tempo uma scooter de mudanças manuais, roda de 10 polegadas e motor 150 a 4 tempos. Infelizmente só para o mercado indiano... Vejam esta review de um utilizador de um modelo com "escassos" 58.000 km. Pode não ser muito bonita, mas o resto está (quase) tudo lá!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Do preço dos combustiveis e outras realidades


Segundo os meus registos, o preço da gasolina aumentou cerca de 13% no tempo de vida da Indiana, cerca de 6 meses. Como a inflação no mesmo período deve ter sido de cerca de 1% , e não tendo havido nem escassez de oferta nem aumento da procura de combustíveis, os actuais preços praticados são para mim um perfeito mistério.

Para o Português médio isto é uma grande injustiça.

Para mim não.

O Português médio vai para todo o lado de automóvel e como tal considera direitos básicos, senão mesmo divinos, o acesso a combustíveis baratos, impostos de circulação reduzidos e lugares de estacionamentos gratuitos. (Na falta destes, acha-se no direito de estacionar em qualquer lado). É extraordinário o consenso que existe na sociedade portuguesa sobre estes assuntos, um consenso que transformou as nossas cidades em auto-estradas, as nossas praças e jardins em parques de estacionamento e os nossos idosos, crianças e deficientes em reféns nas suas próprias casas, cercados pelos omnipresentes pópós que tudo ocupam. Nem os turistas conseguem tirar uma foto decente aos nossos monumentos, cercados que estão sempre por automóveis (mal) estacionados.

O Português médio ri-se quando ouve dizer que uma boa percentagem das deslocações de um Dinamarquês ou Holandês são feitas de bicicleta, que o acesso ao centro de Londres se paga, que no Japão o estacionamento gratuito simplesmente não existe e que só pode ter carro quem prove ter também garagem. Fica chocado se lhe dizem que nos Estados Unidos conduzir embriagado dá prisão efectiva, que em Singapura um acidente com um ciclista ou um peão é sempre culpa do automobilista, independentemente das circunstâncias.

O Português médio sai atrasado de casa e depois tenta ganhar tempo fazendo loucuras na estrada, vai almoçar a quilómetros do trabalho (porque merece) e no regresso faz mais um slalom a velocidades vertiginosas, porque está atrasado para a reunião. O Português médio, por mais que os preços subam, nunca deixa o carro em casa nem anda mais devagar para poupar combustível. Quando alguém diz que veio devagar na Auto Estrada, quer dizer que veio a 140 km/h! O Português médio atropela 17 pessoas por dia, mas raramente assume a sua culpa. O Português médio parece uma pessoa normal, um ser inteligente, até que o vês a conduzir.

Não tenho já muita paciência para o Português médio. A maior parte das vezes as pessoas só mudam se a tal forem obrigadas. Como o estado parece que se demitiu do seu papel de fiscalizador, a esperança recai agora sobre os aumentos dos combustíveis. Talvez eles tirem finalmente gente da estrada e ajudem a modificar os nossos insustentáveis paradigmas de mobilidade. Não se iludam, as mudanças vão acontecer, mais tarde ou mais cedo. A bem ou a mal.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Indianos não precisam de piscas


Essa é pelo menos a conclusão com que fico, não só porque eles conduzem permanentemente como se fossem salvar alguém da forca (como por cá, mas com mais buzinadelas, dizem-me) mas também porque a Indiana ficou recentemente, aos 3300 km, sem um pisca da frente. Aconteceu depois daquela tromba de agua que caiu há uns dias e provocou estragos no Cacém (Nunca acontece nada de bom no Cacém!). Para mim foram só uns pingos, mas a Indiana, o pisca da frente do lado esquerdo, e o sofisticado sistema sonoro de aviso de piscas nunca mais foram os mesmos.


Sim, eu sei, a Indiana não foi montada numa industria japonesa por homenzinhos pequeninos com batas imaculadas, super disciplinados, cuja vida inteira gira à volta da fábrica e da empresa que lhes deu trabalho, por quem têm uma dedicação absoluta. Não, a indiana veio daqui, ou seja, é um pouco como se viesse de uma oficina de metalomecânica de Águeda, daquelas que fazem quadros de bicicleta manhosos, só que com cheiro a caril. Em suma, é natural que pequenos problemas como este apareçam, mesmo que aos 3000 e poucos km.


A vantagem que a Indiana tem em não ser uma Honda (eu estava mal acostumado, eu sei) é que se pode facilmente desmontar e assim resolver a maioria dos problemas in loco, tal como fazia o MacGyver, mas sem usar tape americana. Infelizmente, desta vez, por mais que eu procure a fonte do mau contacto, não encontro problema nenhum e, apesar da lâmpada estar perfeita, a questão persiste. Já me foi dito que é coisa recorrente nas PX, ou seja, não é defeito, mais uma vez é feitio. Provavelmente sou eu que não sou muito jeitoso para estas coisas, mas sou certamente teimoso e talvez por isso não me resignei ainda a erguer a bandeira branca e rumar à Old Scooter.

segunda-feira, 22 de março de 2010

As origens aristocráticas


Há uns anos tirei a carta de moto e comprei a minha primeira scooter a uma amiga. Pouco tempo depois estava rendido às vantagens e vendi mesmo o carro. Tanto quanto eu sabia, este era um caminho que eu trilhava em solitário. Não tinha amigos nem conhecidos que se deslocassem em scooter, com excepção da minha amiga que tinha a Honda SH parada e se queria desfazer dela. Ninguém da minha família tinha algum tipo de relação com as duas rodas. Eu era uma espécie de pioneiro, ou isso pensava.

Recentemente, em conversas de família, tenho descoberto o quanto estava enganado.

Parece que o meu avó, que eu nunca cheguei a conhecer, era aficionado das motas e tinha mesmo várias quando morreu, suspeita-se que por lesões internas, sequelas de uma queda. Recentemente o meu tio, de idade respeitável, reclamou de lhe terem retirado a licença para conduzir motociclos. Ainda pode conduzir o seu Renault Clio, o último de uma interminável linhagem de Renaults que lhe conheci, por isso não percebi bem as razões de seu descontentamento. É claro que ninguém gosta de se ver impedido de fazer uma coisa que antes podia, mas era notório que havia ali algo mais.

Acontece que o meu tio foi em tempos o proprietário de uma glamourosa NSU Prima e tem um monte de histórias de viagens por esse Portugal fora aos comandos desta bela scooter, uma espécie de cópia da Lambretta, produzida sob licença. Ele garante que era a melhor scooter da época (finais dos anos 50, princípios dos anos 60), e que as Vespas eram "baratas" e "menos sofisticadas". Havia um clube de NSU's e as pessoas faziam muitos quilómetros para os seus encontros. A minha história preferida é de quando o meu tio ficou sem travões a descer a Av. Duarte Pacheco, a caminho do Marquês de Pombal. Perante a possibilidade de entrar na rotunda a toda a velocidade, descontrolado, preferiu atirar-se para um monte de terra de umas obras, à beira da estrada.

Enfim, afinal, não sou assim tão pioneiro entre os meus. Fico até a sentir que sou herdeiro de sangue scooterista, senão mesmo aristocrático.